No início do ano, notamos como o preço de smartphones high-end no Brasil chegou a um novo (e temeroso) patamar.
Por anos, o limite ficou em R$1.999. Mais recentemente, no entanto,
Apple e Samsung decidiram lançar seus flagships – iPhone 5 e Galaxy S4 –
por R$ 2.399.
Esse aumento não era explicado por mais impostos, nem pelo dólar (na época); era um caso clássico de lucro Brasil. E agora, que o dólar gira em torno de R$ 2,30? Ora, os smartphones top de linha ficam ainda mais caros – mais até do que a alta do câmbio.
Os novos iPhones serão lançados no Brasil em 22 de novembro, e o MacMagazine conseguiu os possíveis preços.
O iPhone 5S deve custar a partir de R$ 2.799. Uma fonte diz a eles que
os preços “podem sofrer alterações de até 10% para mais ou para menos em
virtude de alguma variação significativa do dólar”.
Este seria um aumento de 17% em relação ao preço de lançamento do iPhone anterior; no último ano, o dólar ficou 11% mais caro.
O aumento também parece uma forma de posicionar o iPhone 5c, que deve ser menos caro que o iPhone 5 – ambos são praticamente iguais por dentro. O modelo de 16GB custará R$ 1.999, e o de 32 GB sairá por R$ 2.399, segundo o MacMagazine.
Vale notar que o iPhone 5 recebeu um desconto pífio na Apple Store
desde que foi lançado em junho: apenas R$ 100 a menos que o preço de
lançamento. (Em Androids high-end, os descontos são maiores.)
Desta vez, quem começou a tendência dos preços ainda mais altos foi a Samsung: o Galaxy Note 3 custa até R$ 2.899.
Ele fica mais barato nas operadoras, porém sofreu aumento considerável
em relação ao modelo anterior (o Note II chegou custando R$ 2.299).
E mesmo levando em conta a desvalorização do real, esse aumento é
enorme. Desde a época do Note II, o dólar sofreu aumento de 14%. O preço
de lançamento do Note 3 é até 26% maior do que seu antecessor.
É possível entender o preço alto também como questão de
posicionamento. A linha Note é superior à linha Galaxy: por isso, se o
S4 é caro, o Note 3 deve ser ainda mais custoso. E por que o S4 é caro?
Como argumentamos antes, é por causa do lucro Brasil: se há quem pague caro por esses smartphones, não há porque baixar o preço.
Talvez alguém argumente que o suporte a 4G torna esses aparelhos mais
caros, mas há opções potentes com LTE e a preço menor (como o Lumia 925
e o LG G2). Não houve aumento relevante nos impostos sobre celular; na
verdade, os modelos de até R$ 1.500 receberam isenção de PIS/Cofins.
Já sabemos que os impostos não explicam, por si só, os altos preços do Brasil.
Há um ciclo vicioso entre Custo Brasil (gargalos na infraestrutura,
perdas no transporte etc.) e uma cultura de gadgets que representam
status. Então por que baratear smartphones high-end? Os preços podem
ficar lá no alto, nem que seja no lançamento: afinal, sempre é mais
fácil baixar preços do que aumentá-los depois.
Apple e Samsung testaram, com sucesso, o patamar de R$ 2.399 para
seus smartphones top de linha. E outras fabricantes seguiram o exemplo: o
Nokia Lumia 1020 e o Sony Xperia Z1 foram lançados exatamente por este
valor. Temo que, no futuro, elas arrisquem o valor de R$ 2.799. De um
jeito ou de outro, continuamos com os smartphones mais caros do mundo.
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