terça-feira, abril 23, 2013

Presos os primeiros policiais suspeitos de crimes na região

  Na sexta feira a noite, uma nota assinada pela Assessoria de Comunicação da Polícia Civil de Minas Gerais confirmou a prisão de dois policiais civis suspeitos de envolvimento em execuções em Ipatinga e outras cidades do Vale do Aço. Decretadas pela Justiça, as prisões são em caráter temporário (30 dias) para que os suspeitos possam passar por novas etapas de investigação. A nota, no entanto, não confirma se os policiais detidos são suspeitos de envolvimento com os casos de Rodrigo Neto e Walgney Carvalho.   
   Entretanto, fontes ligadas à 1ª Delegacia Regional da Polícia Civil confirmaram  que foram presos temporariamente o investigador José Cassiano Guarda e o médico-legista Jose Rafael Miranda Americano, ambos lotados na 1ª DRPC.

   Eles foram presos no fim da tarde, em Ipatinga, e encaminhados para a Casa Policial, em Belo Horizonte, unidade onde ficam apreendidos os policiais civis sob investigação. Ainda segundo as mesmas fontes, duas novas prisões poderiam ser decretadas pela Justiça “a qualquer momento”.
Ontem também o Ministério Público do Estado de Minas Gerais tomou a decisão de acompanhar o caso de perto. As investigações serão acompanhadas por um grupo especial do MPMG, conforme portaria pela Procuradoria-Geral de Justiça (PGJ) designando cinco promotores para acompanhar o caso.
A coordenadora do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Defesa dos Direitos Humanos e de Apoio Comunitário, Nívia Mônica da Silva, o promotor Rodrigo Gonçalves Fonte Boa, de Belo Horizonte, Juliana da Silva Pinto, de Coronel Fabriciano, Bruno César Medeiros Jardini, de Ipatinga; e Kepler Cota Cavalcante Silva, de Timóteo, terão acesso as apurações. Porém, não poderão se manifestar fora dos autos, pois os casos correm em segredo de justiça. 
 
Suspeita
  Ao passar ontem pelo Vale do Aço, pela primeira vez, o chefe da PC em Minas Gerais, Cylton Brandão, admitiu abertamente a possibilidade de envolvimento de policiais nos assassinatos do radialista Rodrigo Neto (ocorrido em 8 de março) e do fotógrafo Walgney Assis Carvalho (executado a tiros no dia 14 de abril).
  Cylton Brandão destacou que a equipe responsável pela apuração dos crimes recentes no Vale do Aço é capaz de “cumprir a tarefa”, por ter profissionais qualificados para tal. Ponderou que algumas apurações dessa natureza apresentam determinada complexidade, embora exista avanço nas investigações. “Com a vinda de Elder D’ângelo e Irene para a Delegacia Regional, além de outras modificações que acontecerão, temos certeza de que as apurações estão aceleradas e chegando às autorias”, declarou.
Sobre a possibilidade de relação entre os casos de Rodrigo Neto e Walgney Carvalho, Cylton disse que não ser possível adiantar se existe tal ligação. No dia do assassinato do fotógrafo Walgney Carvalho, o deputado Durval Ângelo, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, afirmou que a vítima vinha sendo ameaçada. Cylton Brandão diz que a Polícia Civil chegou a receber um comunicado sobre as ameaças, porém o fotógrafo foi ouvido e não confirmou os fatos. “Carvalho foi ouvido, disse que não se sentia ameaçado e que não precisava de proteção. Isso está nos autos e assinado por ele”, comentou.

Prazo

  Sobre a conclusão da apuração dos casos, Cylton Brandão afirmou que não é possível precisar uma data, sob o risco de se cometer um erro. “Podemos ter resposta no próximo minuto, mas as coisas estão acontecendo e vamos ter as respostas no tempo devido. Existem suspeitos. Existe indício de participação de policiais nos crimes. Não admitimos grupo de extermínio; o que existe são questões pontuais, não admitimos grupos de extermínio”, reafirmou.
O novo responsável pelo 12° DPC, Elder D’ângelo, reiterou a fala de Cylton Brandão de que existem indícios da participação de policiais em alguns dos episódios apurados pela Delegacia de Homicídios. “É óbvio que não posso dar detalhes, mas a presença de um subcorregedor é para orientar essas ações no caso correicional, até porque a apuração dos fatos está a cargo da Delegacia de Homicídios de Belo Horizonte e nossa atuação será administrativa e orientadora das ações”, detalhou.
Já Irene Franco, nova delegada da 1ª Delegacia Regional, relatou ter atendido a um chamado da Policia Civil, ao qual pretende responder com um bom trabalho. “Acreditava que o chamado viria um pouco para frente, mas assumo porque nunca fugi à luta. Para o meu lugar (na Delegacia de Homicídios) ainda vou definir as mudanças. Assumi um desafio; o clima não é favorável, é tenso, mas vejo isso com tranquilidade”, concluiu Irene Franco.

Chefia da PC anuncia trocas

  Em entrevista à imprensa regional na tarde dessa sexta-feira (19), o chefe da Polícia Civil de Minas Gerais, Cylton Brandão, anunciou alterações na Delegacia Regional e no 12° Departamento de Polícia Civil (12° DPC).
  Entre as mudanças, a delegada Irene Angélica Franco e Silva Guimarães responde, a partir de agora, pelo comando da 1ª Delegacia Regional de Polícia Civil, no lugar de Gilberto Simão, que assumiu o posto em maio de 2012. Outra mudança diz respeito à chefia do 12° DPC: José Walter da Mota será substituído pelo subcorregedor da Polícia Civil, Elder D’ângelo. A troca se deu em razão de problemas de saúde de José Walter. O chefe da PC, Cylton Brandão, disse que as mudanças são administrativas e pretendem demonstrar uma nova Polícia Civil para fazer frente aos problemas da região.
  “Queremos dizer de nossa certeza de que essa é a equipe mais qualificada que temos na Polícia Civil. Wagner Pinto é um policial da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa, com larga experiência, principalmente em apuração de homicídios. É uma demonstração inequívoca de que chegaremos à autoria de todos os casos que estão afligindo a região”, disse.
O chefe da PC disse, ainda, que as modificações partem da intenção de se ter uma polícia diferenciada na região. Cylton afirmou que “os fatos dizem por si só”, o que sugere modificações profundas para que tudo se resolva de forma definitiva, para a pacificação em Ipatinga e região.

Fonte: Diario do Aço

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