João Monlevade - Uma manobra política do deputado estadual Mauri Torres (PSDB) pode gerar prejuízos diretos à população de Monlevade. Em pleno ano eleitoral, o parlamentar conseguiu aprovar um projeto de lei que autoriza o Governo do Estado a doar uma área de mais de 13 mil m² à Universidade Federal de Ouro Preto em João Monlevade (Ufop). Porém, o local abriga a unidade do Centro Social Urbano (CSU) e seria utilizado pelo Executivo para implantação de um Complexo de Emergência e Assistência à Saúde e abrigaria uma unidade do Corpo de Bombeiros e Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para o município.
A novidade deixou perplexo o Poder Executivo já que o município articulava junto à Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag) e à Diretoria de Gestão de Imóveis (DCGIM) do Governo de Minas o recebimento do terreno. As negociações foram iniciadas no ano passado. Uma vistoria realizada pelo Ministério Público apontou a necessidade de reforma no Posto de Saúde já que o órgão constatou uma série de irregularidades estruturais no CSU.
Como o imóvel era de propriedade do Governo de Minas, a Prefeitura de Monlevade solicitou que o Estado providenciasse as reformas necessárias e apresentou primeira intenção de receber o terreno, conforme consta em ofício entregue à Chefia de Gabinete do Seplag, encaminhado em setembro de 2009. Vários outros documentos foram despachados pelo município solicitando a doação do terreno.
Em abril deste ano, a Prefeitura de Monlevade anunciou a assinatura de um protocolo de intenções junto ao Corpo de Bombeiros para a implantação de um quartel da corporação na cidade. Na época, um Termo de Cooperação levantado pelos Bombeiros considerou estratégica a área de 13.407 m² que abriga o CSU para instalação da estrutura da Corporação já que a localização facilitaria atendimentos na BR 381 e também cidades vizinhas.
O objetivo do prefeito Gustavo Prandini seria construir um Complexo de Emergências e Assistência à Saúde para que além da Corporação do Corpo de Bombeiros o espaço abrigasse o Núcleo de Assistência à Saúde Familiar (NASF) além de futuras instalações para o Samu em Monlevade.
Articulação política
O deputado Mauri Torres não considerou os benefícios do Complexo de Emergências anunciado pela Prefeitura e elaborou o Projeto de Lei 18939/2010 que autoriza o Governo de Minas a doar o terreno e as instalações do CSU à Ufop. O objetivo da matéria é permitir que a Universidade promova ampliação do Campus Universitário além de construção de moradias para estudantes.
O projeto tramitou com agilidade na Assembléia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) e depois de aprovação em segundo turno e redação final foi publicado no Diário do Legislativo pelo governador Antonio Anastasia, aliado político de Mauri Torres.
A novidade foi comemorada pelo deputado. Na última semana, o parlamentar promoveu ampla divulgação do projeto em emissora de rádio de sua propriedade. O deputado se limitou em destacar os benefícios do projeto para o setor da educação. Também na última semana, o parlamentar compareceu às instalações da Ufop quando oficializou a notícia aos universitários.
Falta de diálogo
O Assessor de Governo do Executivo, Emerson Duarte, disse ontem, 12, que a Prefeitura só tomou conhecimento da doação após publicação do Projeto de Lei no Diário Oficial. A novidade surpreendeu o Executivo já que o órgão aguardava as repostas dos inúmeros ofícios em que solicitavam a doação do terreno para o município.
Emerson Duarte diz entender as necessidades de melhorias para os universitários da Ufop, mas ressaltou a ausência de diálogo e distanciamento de interesses do deputado Mauri Torres perante às necessidades do município. "Foi uma decisão unilateral", destacou.
Bombeiros
Na avaliação do Assessor de Governo Emerson Duarte as negociações para instalação de unidade de Corpo de Bombeiros em Monlevade voltaram à estaca zero. "Foram seis meses de estudo perdidos", lamentou.
Diante do novo cenário, Monlevade vai permanecer dependente do município de Itabira em casos de situações emergenciais como incêndios em residências e veículos já ocorridos recentemente na cidade.
Saúde comprometida
Apesar do município ainda não ter sido notificado sobre a doação do terreno a novidade preocupa a Secretária de Saúde, Poliana Prandini. "Vai ser um prejuízo enorme para a saúde", destacou.
De acordo com Poliana, a unidade do CSU realiza atendimentos há pelos menos 20 anos e beneficia uma população estimada em 12 mil pessoas. Através da Assessoria de Comunicação, a gerência do CSU informou que o posto de saúde realiza uma média de 1,6 mil consultas por mês distribuídas nas especialidades de ginecologia, ortopedia, pediatria, clínico geral e PSF.
Ainda não há informações sobre o tempo que o município terá para desocupação do CSU. Por conta disso, o prefeito Gustavo Prandini (PV) encaminhou novos ofícios à SEPLAG e DCGIM solicitando os motivos que levaram o Estado a não responder os ofícios do Executivo. Já a Secretária de Saúde lamenta a ausência de informações sobre a possibilidade de incentivo do Governo do Estado para construção de um novo posto de saúde. "O município não dispõe de recursos para construir novo posto", lamenta.
Fonte: CiadadeMais
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