quinta-feira, julho 15, 2010

Unificação dos Prontos-Atendimentos em Monlevade

João Monlevade - A audiência pública da saúde realizada no fim da tarde desta terça-feira, 13, na Câmara Municipal, culminou com um discurso polêmico de um cardiologista. O evento foi solicitado ao Legislativo pela Associação Médica de Monlevade, com o objetivo de reafirmar o "Movimento pela Unificação" liderado pela classe médica da cidade em prol da unificação dos Prontos-Atendimentos do município e do Hospital Margarida.
    Os trabalhos foram abertos pelo diretor clínico do Margarida, o médico Frederico Bicalho. Ele entregou à presidente da Câmara
, vereadora Dorinha Machado (PMDB), correspondência com o mesmo conteúdo de carta entregue recentemente ao prefeito Gustavo Prandini (PV) e à direção da Associação São Vicente de Paulo (ASVP), provedora do HM.
    Consta no documento problemas sobre a ausência de plantonistas nos PAs da cidade. Na avaliação da classe médica, a solução será a unificação dos serviços de urgência e emergência. Por conta disso, desde o último mês, uma Comissão integrada por representantes da Secretaria Municipal de Saúde, da ASVP, da direção do Hospital Margarida, entre outras entidades, se reúnem semanalmente para definir negociações até que seja efetivada a fusão.
    Após críticas de alguns vereadores, a Secretária Municipal de Saúde, Poliana Prandini, afirmou que outras entidades como a Comissão de Saúde do Legislativo poderão integrar a Comissão da Unificação dos Pronto-Atendimentos. Dorinha então destacou que o movimento vai contar com apoio do Legislativo.
    Poliana ressaltou que as negociações são produtivas. Ela explicou que tanto a Secretaria de Saúde do município quanto a direção do HM já discutem números e que já foi constatada a necessidade de reforma no primeiro andar do prédio que vai abrigar o CTI para que ocorra a fusão. Isso porque, médicos consideram mais viável que o PA unificado funcione nas dependências do Hospital Margarida.
    Embora a comissão ainda não tenha previsão para efetivar a unificação dos Prontos-Atendimentos, levantamentos preliminares da Secretária de Saúde apontam que o custo médio do PA unificado deva girar em torno de R$500 mil por mês com média de atendimento superior a 4 mil pacientes.
    Integraram a mesa da audiência pública, a vereadora Dorinha Machado (PMDB); a Secretária de Saúde, o presidente da Associação Médica, Luiz alpino; o diretor clínico do HM, médico Frederico Bicalho; o vice-presidente da ASVP, Marcos Albano, e a consultora em saúde, Rosana Linhares.

Médico pede fim de politicagem
    Em seguida, o médico cardiologista Christian Hans Drumond Westgeest pediu para se manifestar. Ele destacou a importância da discussão da unificação dos PAs. Assim como os colegas de profissão, ele também considera que a idéia de unificação tem o objetivo de garantir melhor atendimento dos serviços de urgência e emergência. Ele destacou que falta conhecimento da população com relação ao conceito de urgência. "Muitas pessoas acham que a urgência é a vontade dela. A vontade de ser atendida agora por às vezes estar com um bicho de pé ou uma unha encravada e isso não é urgência", observou. Aos vereadores Guilherme Nasser e Sinval Dias, o médico afirmou que a construção do antigo hospital Santa Madalena foi feita sem nenhum estudo prévio de viabilidade.
    O vereador Sinval tentou contestar o médico, mas Christian foi taxativo em suas considerações. "O fato é que Monlevade hoje não comporta dois hospitais. Construir um hospital que consumiu mais de R$10 milhões enquanto o Hospital Margarida caia aos pedaços. E se hoje o Margarida continua funcionando é porque a Prefeitura coloca dinheiro lá. A única coisa que faz com que o Margarida continue sendo viável é o fato de a Prefeitura continua colocando dinheiro lá mensalmente. Se isso não tivesse começado e continuado, estaríamos vivendo um caos igual quando cheguei em Monlevade em 2005 quando o hospital vivia um caos interno", lembrou.
    O cardiologista sugeriu o fim da politicagem dos gestores públicos nas ações destinadas à saúde. "Ponto de vista técnico conflita com o ponto de vista político", alertou. Segundo o médico, em caso de não se constatar que o atendimento é considerado emergência, o paciente deve ser informado do tempo médio de espera com indicação de procurar atendimento em um posto de saúde. Nesses casos, muitos perdem a paciência e procuram a imprensa e políticos.
    Christian Westgeest destacou a importância de uma política eficaz para a saúde primária no município e afirmou que a principal causa de internações no Margarida é conseqüência de problemas cardíacos. "A saúde primária em Monlevade não é funcionante, mas não é desde agora, é de décadas. Porque os pacientes em Monlevade não foram acostumados a marcar consultas. Acostumaram a chegar no PA, assistir televisão, tomar café, comer biscoito e esperar o momento de ser atendido. Isso em termos de saúde pública é um absurdo", criticou.
    As considerações do médico foram aplaudidas pelo público que participou da audiência.

Oposição protagoniza polêmica
    Nos momentos finais da audiência pública, os vereadores Guilherme Nasser e Sinval Dias (ambos do PSDB) que integram a bancada de oposição ao Governo, protagonizaram uma polêmica. O momento era destinado a perguntas e esclarecimentos de dúvidas com relação à unificação.
    No entanto, os parlamentares desviaram a pauta e optaram por tecer críticas às ações da saúde promovidas pela atual gestão. Na avaliação do vereador Sinval a unificação dos PAs não deverá ser efetivada. Os integrantes da mesa optaram por não revidar às provocações.

Fonte: Ciadade Mais

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