segunda-feira, junho 21, 2010

Golpe em aposentados vira denuncia na rádio Alternativa

João Monlevade - Um escândalo envolvendo uma fisioterapeuta que atua em João Monlevade teria gerado um prejuízo superior a R$ 10 mil. O suposto golpe teria sido aplicado em idosos, na maioria pacientes da profissional. Apesar da gravidade, o caso ainda não chegou ao conhecimento da Polícia Civil.
    O assunto, que já era debatido na cidade, foi tema de denúncia no programa "Na Boca do Povo" do apresentador Zé Geraldo, na Rádio Alternativa, no dia 18, quando o filho de uma suposta vítima concedeu uma entrevista. 
    Supostas vítimas localizadas pelo Bom Dia temem represálias e pedem preservação da identidade. "Por se tratar de esposa de político influente podemos ter problemas futuros", alegam familiares de idosos que teriam tido algum prejuízo financeiro.
    Parentes de idosos falam em revolta já que as supostas vítimas teriam entre 75 a 80 anos. A suposta prática criminosa foi semelhante em pelo menos três casos. A fisioterapeuta Fernanda de Paula Machado, 29, solicitava gentileza de pacientes para resolver pendências financeiras.
    Integrante de família tradicional na cidade, Fernanda teria levado pelo menos três idosos à Instituição Financeira Ricardo Eletro, que fica em Carneirinhos. Segundo informações, acompanhada da fisioterapeuta, idosos solicitavam empréstimos que giravam em torno de R$3 mil a R$4 mil. O pagamento seria descontado em aposentadorias ou pensões recebidas pelos idosos. Após liberação do crédito o dinheiro era entregue à fisioterapeuta.
    De acordo com uma das analistas de crédito da Ricardo Eletro, Gláucia Patrícia, nos últimos meses, pelo menos três idosos compareceram à instituição financeira acompanhados de Fernanda Machado. O suposto golpe só teria sido percebido pela empresa depois que parentes dos idosos procuraram informações junto à financeira. "Dois familiares nos procuraram e questionaram a prática do processo de empréstimo", comentou Gláucia.
    Outra analista de crédito da mesma financeira, Amanda Cristina, informou que uma das vezes que realizou o atendimento teve a impressão de que a fisioterapeuta teria algum grau de parentesco com as vítimas. "Pensei que se tratava de parente como avó, sogra ou outro parentesco de 1º grau", observou Amanda.

Crédito bloqueado
    Após reclamação de parentes o caso foi levado à gerência da financeira. Por telefone, as atendentes informaram que a fisioterapeuta é cliente do estabelecimento há pelo menos cinco anos e que empréstimos foram freqüentes nesse período. "Só depois que familiares nos procuraram suspeitamos da possibilidade de um golpe", defende Gláucia.
    De acordo com as funcionárias, por medida de precaução, o gerente Edson Monteiro, determinou a suspensão de créditos à fisioterapeuta. "O gerente está ciente de todo o processo e nos orientou que em caso dela (Fernanda) trazer novos idosos temos que impedir o crédito", frisaram as analistas.

Sigilo e revolta
    Familiares das supostas vítimas se dizem revoltados com a situação. Eles suspeitam de segundas intenções por parte da fisioterapeuta. A alegação é de que Fernanda orientava os idosos a não comunicarem as solicitações de empréstimos aos familiares. "É muito sério levar uma pessoa para fazer empréstimo. O sentimento é de revolta porque isso mexe com o emocional da pessoa (idoso) e de toda a família porque às vezes a lucidez pode não estar completa", comenta familiar que pede não ser identificado.
    Outro parente que também solicita preservação da identidade revela que por sorte a ação não foi concretizada. A pessoa diz ter tomado conhecimento do pedido de empréstimo por acaso e imediatamente procurou a financeira. "Consegui cancelamento da negociação já que o dinheiro não havia sido liberado. A fisioterapeuta nos pediu desculpas", informou um familiar.

Polícia aguarda denúncias
    O delegado da 4ª Delegacia Regional de Polícia Civil, Edimar Paula Silva, diz ter ouvido rumores do suposto golpe. No entanto, nenhuma denúncia foi oficializada. Ele revela que em uma análise preliminar, os casos podem ser classificados como crime de estelionato. A orientação do Delegado é de que as supostas vítimas registrem Boletim de Ocorrência para que a polícia instaure inquérito para investigar o caso.

Fisioterapeuta se defende
    Por telefone, a fisioterapeuta Fernanda Machado informou que não gostaria que o caso fosse publicado. Como é esposa do vereador Guilherme Nasser (PSDB), ela classificou a repercussão do escândalo como fator político. Ela admitiu enfrentar uma turbulência pessoal nos últimos dias e pediu um tempo para analisar se manifestaria sobre o caso. "Não queria que nada disso fosse divulgado porque classifico tudo isso como perseguição política. Tô passando um período muito difícil. Daqui a pouco retorno a ligação", justificou Fernanda.

O vereador Guilherme Nasser também foi procurado, mas não atendeu as ligações da reportagem.
    No início da noite de ontem, 18, a fisioterapeuta compareceu a redação do Bom Dia onde lhe foi dado, novamente, o direito de se manifestar sobre o caso.
    Segundo Fernanda, todas as situações já teriam sido solucionadas e que para quaisquer esclarecimentos, ela poderia ser procurada. Fernanda disse ainda que não existe nenhuma queixa ou registro policial sobre o assunto. Segundo ela, ninguém teria sido lesado e voltou a afirmar que o fato não passa de perseguição política.

Fonte: Cidade Mais.

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